quarta-feira, 30 de outubro de 2013

(Biografia) Antonio Veloso - O Capitão

A polivalência fazia de Veloso um jogador imprescindível para qualquer treinador. Não era um portento de técnica, é certo, mas tinha um conjunto de virtudes defensivas verdadeiramente impar. Jogador polivalente que tapava qualquer buraco defensivo numa equipa.

Um jogador Humilde, profissional e de uma dedicação extrema, Veloso jamais quebrava ante a adversidade, estimulando muitas vezes a equipa em situações de menor desempenho colectivo, destaca-se, pela serenidade e um sentido posicional perfeito. Parecia que adivinhava onde a bola ia cair ou como o adversário ia executar. Depois a capacidade de luta, a raça e o espírito competitivo eram aditivos importantes na forma de jogar do esforçado Veloso.

Era um jogador muito seguro, disciplinado e regular. Tacticamente era quase perfeito, cumprindo com mestria todas as indicações do técnico. Alem disso, era acima de tudo um atleta saudavél, como de resto comprova a idade com que terminou a carreira e possuía uma fibra, um arreganho e uma vontade de vencer notável.

Uma alma sem fim,  assim um jogador agressivo mas justo em campo, com apenas duas expulsões na sua carreira, ambas em competições internas por acumulação de cartões amarelos. Um jogador que respeitava o adversario mostrando o que é ser Benfiquista.

Transportava também consigo a mística do clube, aquele fervor clubista que tão raro se tornou no futebol da actualidade e o qual fazia questão de contagiar junto dos colegas de equipa.


Ao longo da carreira, Veloso actuou em varias posições. Começou como avançado na AD Sanjoanense, foi centro campista, onde revelou qualidades e se projectou, mas afirmou-se como defensor. Actuava em qualquer lugar da cortina defensiva.

Preferencialmente, Veloso era um lateral direito. Mas durante vários anos alinhou como defesa lateral esquerdo, quer no SL Benfica, quer na Selecção Nacional de Portugal, naquele estilo “à moda antiga”, intransponível a defender, mas sem propensão ofensiva. Também alinhou algumas vezes como defesa central,  a libero, ou mais adiantado no terreno jogando como trinco.


Em conclusão, Veloso queria  jogar, independentemente da posição que lhe incumbia cumprir dentro do terreno de jogo. Com enorme espírito de sacrifício e versatilidade adaptava-se a qualquer circunstancia do jogo.



António Augusto da Silva Veloso nasceu a 31 de Janeiro de 1957 na localidade de São João da Madeira, tendo despontado para o futebol no clube local, o Sanjoanense onde se iniciou ao mais alto nível na época de 77/78.

Paralelamente, desde muito novo e antes de tornar-se profissional de futebol, Veloso seguiu a arte da região. Desde os 11 anos de idade que trabalhava numa fabrica de calçado.

As suas exibições no segundo escalão do futebol português despertaram a cobiça de outros clubes. Apesar da concorrência, o SC Beira Mar conseguiu a contratação de Veloso na época de 1978/79, com apenas 21 anos de idade.

Na época de 1978/79 o SC Beira Mar estava de regresso à 1ª Divisão Nacional depois de uma breve passagem pelo segundo escalão. Terminou a temporada classificado no 12º lugar da geral assegurando a manutenção.

Veloso foi titular na equipa do Beira Mar, jogando no meio campo, numa equipa onde pontificava, essencialmente, o centrocampista Sousa, que se transferiria no final dessa temporada para o FC Porto.

Após uma excelente primeira época no SC Beira Mar e depois da saída do aveirense Sousa para as Antas, o jovem Veloso assumiu toda preponderância na manobra da equipa. Com todo o brio e muita sabedoria, Veloso tornou-se no patrão da equipa do SC Beira Mar.


Realiza duas temporadas de grande nível ao serviço do SC Beira Mar, e começa a aguçar o interesse de outros voos.

FC Porto, Sporting CP e SL Benfica, tentaram todos os argumentos tentando a contratação do valoroso jovem. A paixão de Veloso pelo SL Benfica falou mais alto, como que realizando um sonho, assinou pelo clube do coração e no inicio da temporada de 1980/81 apresentou-se no Estádio da Luz, como uma das grandes esperanças do futebol português.

No arranque da época de 1980/81, o jovem Veloso seguiu com a equipa do SL Benfica, treinada pelo hungaro Lajos Baroti, para Toronto, no Canada, onde consumou a sua estreia com a camisola benfiquista, numa partida amigável frente ao Pannellenie, clube da comunidade grega no Canada.


Entrou no início da segunda parte desse desafio, que o SL Benfica venceu por 4-0, tendo apontado o quarto golo dos encarnados, num excelente remate desferido fora da área.

A partir de então Veloso tornou-se numa peça fundamental na equipa do SL Benfica. Embora não sendo titular indiscutível na primeira época na Luz, Veloso era regularmente utilizado em virtude da sua polivalência.

A estreia oficial de Veloso com a camisola do SL Benfica deu-se no Estádio do Bessa, numa partida a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1980/81, que os encarnados venceram por 0-1. Já no decurso do 2º tempo, Veloso entrou em campo para dar maior consistência à equipa que tentava segurar a magra vantagem.

Logo na primeira temporada do resto da sua vida futebolística, o jovem Veloso começou a rechear o seu palmares, vencendo o Campeonato Nacional da 1ª Divisão a Supertaça Cândido de Oliveira e a Taça de Portugal, derrotando na final a equipa do FC Porto por 3-1.

Na temporada de 1981/82 o SL Benfica não conseguiu revalidar o título de campeão nacional. Mas, desta feita, Veloso garantiu a titularidade na equipa encarnada, que ficou em 2º lugar a dois pontos do Sporting CP, campeão nacional.


A titularidade na equipa do SL Benfica deu-lhe a oportunidade de chegar à Selecção Nacional “A” de Portugal. O seu percurso de formação já contava com varias presenças nos escalões mais jovens da selecção portuguesa, em juniores ou esperanças.

Na equipa principal de Portugal contabilizou 40 internacionalizações e marcou presença no Euro 84 disputado em França onde o seleccionado luso ficou brilhantemente em 3º lugar. Nesse Campeonato Europeu de 1984 disputado em terras gaulesas, Veloso actuou na partida frente à Republica Federal Alemã, substituindo Frasco.

A estreia pela Selecção Nacional “A” de Portugal aconteceu no dia 18 de Novembro de 1981, em pleno Estádio da Luz, numa partida a contar para o apuramento para o Campeonato do Mundo de 1982.


Portugal recebeu e venceu a congénere da Escócia por 2-1, com golos do avançado sportinguista Manuel Fernandes. Juca, o seleccionador nacional, lançou Veloso já no decorrer da partida para substituir, curiosamente, o jogador vitoriano Gregório Freixo.


A partir daí Veloso tornou-se numa presença quase constante nos convocados da selecção nacional portuguesa. Como lateral direito foi suplente do mítico capitão portista João Pinto, de tal forma que, a maioria das internacionalizações realizadas por Veloso foi actuando na posição de lateral esquerdo.


Teve também a oportunidade de participar noutra grande competição mundial de selecções, quando Portugal se apurou para o Campeonato do Mundo de 1986 no México. Veloso foi inicialmente seleccionado para integrar a comitiva nacional que iria disputar aquela competição, mas, uma análise anti doping positiva ditou-lhe o afastamento e a sua substituição pelo portista Bandeirinha.



Selecção Nacional de Portugal em 1984
Mais tarde, já após a contra analise, Veloso veio a ser completamente ilibado das acusações que impendiam sobre, contudo, já não foi a tempo de integrar a lista oficial dos jogadores de Portugal que iriam participar no México 86.
Selecção Nacional de Portugal em 1993
Veloso ficou fora da selecção naquela competição, mas voltou a envergar as quinas de Portugal, assumindo-se mesmo, após o caso Saltillo, como um dos jogadores mais influentes.

Voltando ao Benfica, na época de 1982/83 voltou a sagrar-se campeão nacional pelo SL Benfica, conquistando novamente a Taça de Portugal, já sob o comando do consagrado treinador sueco Sven Goran Eriksson.

Na temporada de 1982/83 frente aos belgas do Anderlecth, Veloso teve a sua primeira participação numa final europeia. Foi a primeira de três participações de Veloso em finais europeias que, lamentavelmente, o SL Benfica perdeu.

A época de 1983/84 representou mais um título de campeão nacional da 1ª Divisão. Esta época, bem como a seguinte, não terão sido as melhores de Veloso no SL Benfica. Apesar de varias vezes utilizado, Veloso não era considerado como titular na equipa dos encarnados.

A temporada de 1984/85 não foi de grande sucesso para a equipa do SL Benfica no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, onde não foi alem do 3º lugar. Todavia, a equipa benfiquista redimiu-se vencendo a Taça de Portugal, numa final contra o FC Porto, por 3-1. Era mais um troféu para o palmarés de Veloso.


Na época de 1985/86, Veloso assume-se, novamente, como titular indiscutível na equipa benfiquista treinada pelo britânico John Mortimore.
No entanto a equipa da Luz volta a perder o título de campeão nacional para o FC Porto, quedando-se, desta vez, no 2º lugar da principal competição nacional. Contudo, revalida o título de vencedor da Taça de Portugal, derrotando, desta feita, o CF Belenenses por 2-0.



O SL Benfica viria a vencer, posteriormente, a Supertaça Cândido de Oliveira da época de 1985/86, derrotando o FC Porto, numa repetição da decisão da época transacta, onde a prova havia sido vencida pelos portistas.

Finalmente, na temporada de 1986/87, o SL Benfica e Veloso tornam a conquistar o Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Nesta época o SL Benfica concretiza a denominada dobradinha ao vencer, novamente, a Taça de Portugal, triunfando, desta feita, sobre o Sporting CP por 2-0.



No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1987/88 o SL Benfica ficou no 2º lugar da classificação, onde Veloso, após a saída do guardião Bento da equipa titular após a lesão no México, já é o capitão de equipa.

Nesta temporada de 1987/88 há ainda uma especial referencia para a chegada do SL Benfica à final das Taça dos Campeões Europeus, onde a equipa encarnada perdeu para os holandeses PSV após o desempate através da marcação das grandes penalidades.

No final do prolongamento daquela famosa final de Estugarda, resistia um 0-0 no marcador. Após a concretização dos cinco penaltys da série inicial para cada um das equipas, chegou o fatídico momento em que Veloso é chamado a executar o derradeiro remate.

Veloso remata mal, frouxo e sem colocação para uma defesa fácil do guardião holandês. O SL Benfica perdia, novamente, uma final da Taça dos Campeões Europeus, enquanto Veloso foi continuadamente sacrificado por alguns adeptos benfiquistas.

Com a força de poucos, Veloso conseguiu recuperar daquele maldito momento e voltou aos seus melhores dias no SL Benfica. Venceu mais competições e jogou ainda durante muitos mais anos de águia ao peito.

Na temporada de 1988/89 o SL Benfica voltou a sagrar-se campeão nacional, arrebatando também a Supertaça Cândido Oliveira. Veloso foi titularíssimo nesta época do regresso às conquistas a nível nacional.



Em 1989/90 regressa ao SL Benfica o treinador sueco Sven Goran Eriksson, grande admirador das qualidades de Veloso. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o SL Benfica foi 2º classificado perdendo o título nacional para o FC Porto.
Duelo entre Veloso e Izaias ainda no Boavista, antes de rumar á Luz
Equipa do SL Benfica na época de 1989-90
O grande feito desta época nos encarnados seria mesmo a presença na final da Taça dos Campeões Europeus frente ao AC Milan. Nessa edição das Taças dos Campeões Europeus, o SL Benfica eliminou as equipas do Derry City da Republica da Irlanda, o Honved da Hungria, o Dniepre da antiga URSS, e por fim, nas meias finais, o sensacional Marselha.

Certamente, outro dos momentos mais tristes da carreira de Veloso foi o desafio da 2ª mão das meias-finais, precisamente, frente à equipa do Marselha. Nesse encontro Veloso viu um cartão amarelo que o afastou do decisivo jogo da final da Taça dos Campeões Europeus disputada no Estádio do Prater, em Viena de Áustria.

Com Veloso ausente da equipa do SL Benfica, os italianos do AC Milan acabaria por conquistar o mais importante troféu europeu de clubes com um golo de Rijkkard, triunfando assim por 1-0.

Segue-se a temporada de 1990/91 em que o SL Benfica volta a conquistar o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o sexto para o benfiquista Veloso que apesar dos 34 anos de idade foi um jogador verdadeiramente fundamental.
Em 1991/92 Veloso é titular indiscutível no SL Benfica, mantendo, surpreendentemente, dada a sua veterania, a mesma bitola qualitativa evidenciada na temporada anterior. No entanto, esta é uma época sem títulos nacionais.


Na época de 1992/93 volta a conquistar um troféu ao serviço da formação encarnada. Venceu a Taça de Portugal, a última da sua carreira de futebolista, numa final disputada frente ao Boavista FC no Estádio do Jamor, em que os encarnados golearam por 5-2 a equipa da cidade invicta.


Onze Titular na Final da Taça de Portugal
Novamente com Toni a treinador voltou a ser campeão nacional pelo SL Benfica na época de 1993/94. Foi o último título que conquistou na sua longa carreira de futebolista.

A época seguinte de 1994/95 foi a sua última temporada da carreira de futebolista do internacional Veloso, já com 38 anos de idade, completando assim um ciclo de 15 anos consecutivos ao serviço do SL Benfica.

Aconteceu, naturalmente, na última época da sua carreira, em pleno Estádio da Luz, em jogo a contar para a 26ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1994/95, o ultimo jogo do Capitão Veloso de águia ao peito. Infelizmente jogo de má memória, á imagem desse mesmo campeonato ao comando de Artur Jorge. Veloso apenas jogou 17min, tendo sido substituido por Akwa.
O Benfica ainda viria a empatar mas acabaria por perder este jogo por 1-3

Acabou por deixar o SL Benfica sem uma justa homenagem e o brilho que o passado de um jogador como Veloso merecia, não só pela eterna dedicação ao longo de 15 anos, mas também, acima de tudo, pela inegável contribuição pessoal para muitos dos sucessos alcançados pelo clube.


Vida de treinador


Logo em 1995/96 assumiu a função de secretário técnico do FC Alverca. Neste clube ribatejano foi depois treinador principal na equipa de juniores e treinador adjunto da equipa principal entre as épocas de 1996/97 e 1998/99

Chegou a ser treinador do atlético CP na epoca 1999/00, começando a epoca de 2000/01, mas cedo se juntou a Toni como seu adjunto ao comando do Sport Lisboa e Benfica.
Foi ainda treinador principal da equipa “B” do SL Benfica na época de 2001/02.

Após estas experiências só voltou ao leme de uma equipa na epoca de 2006/07 com o At. malveira, na epoca de 2007/08 e 2008/09 treinou o AD Oeiras e por fim o Estrela da Amadora em 2009/10

António Veloso, pai do actual futebolista do Sporting CP, Miguel Veloso, tem também uma forte ligação ao futebol de formação, nomeadamente, como um dos principais impulsionadores e formador na Escola de Futebol FootStars em Oeiras e Talaíde.

Percurso e experiência profissional:


· 4 Internacionalizações como júnior
· 1 Internacionalização como Esperança
· 42 Internacionalizações A
· 15 Anos jogador do Sport Lisboa e Benfica, 8 dos quais como capitão de equipa
· 658 Jogos realizados pelo Benfica 



Participações e conquistas nacionais e internacionais: 
- 7 Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão
- 6 Taças de Portugal
- 2 Supertaças “Cândido de Oliveira” (1984/85 e 1988/89)
- 4 Taças de Honra da A. F. Lisboa
- 1 Taça Ibérica (1983/84)
- 2 Finais da Taça dos Campeões Europeus (1987/88 e 1989/90)
- 2 Finais da Taça das Taças (1980/81 e 1993/94)
- 1 Final da Taça U.E.F.A (1982/83)



                                            Por competição
J
V
E
D
DG
T
SU
GM
A
AA
V
                       Supertaça Cândido de Oliveira
16
6
5
5
16-15
16
0
0
0
0
0
       Liga dos Campeões
37
18
12
7
60-22
36
1
0
4
0
0
378
258
80
40
768-236
353
25
7
43
1
0
21
13
4
4
42-18
21
0
0
2
0
0
63
52
6
5
181-35
61
2
1
3
1
0
19
9
5
5
23-16
17
2
0
0
0
0

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